Chico Buarque coglie tutti di sorpresa con il lancio di un nuovo libro! - Cultura Brasil

Chico Buarque coglie tutti di sorpresa con il lancio di un nuovo libro!

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Chico Buarque – artista che oscilla tra musica, teatro e letteratura – si trasforma nuovamente in scrittore e coglie tutti di sorpresa con il lancio del libro O Irmao Alemao. Edito dalla Companhia das Letras, il testo uscirà in Brasile il 14 novembre, mentre la prevendita è già iniziata da un paio di giorni.
Il titolo del libro (in italiano: Il Fratello Tedesco) sembrerebbe il preambolo di un testo autobiografico. Casa editrice e scrittore, tuttavia, non rivelano ancora il contenuto. L’unico indizio è stato fornito due giorni fa, quando, sul canale YouTube della Companhia das Letras, è spuntato un video di Chico impegnato nella lettura di un frammento della sua nuova opera.
Pochi giorni prima del lancio, inoltre, il compositore aveva spiegato cosa lo avrebbe indotto alla scelta di un nome così singolare. Secondo una storia inedita della propria famiglia, Sergio Buarque de Hollanda avrebbe avuto un figlio in Germania, ancor prima di sposarsi con la madre di Chico. Il cantante definiva il proprio fratello come “meio” (mezzo), proprio perchè il racconto era dominato un filo d’incertezza e dalla mancanza di prove certe, visto che Sergio non avrebbe mai contattato l’ex compagna e, tantomeno, il figlio tedesco. Uno spiraglio di verità si sarebbe aperto solo durante la Seconda Guerra Mondiale, quando la donna avrebbe scritto in Brasile per ottenere dei certificati che provassero l’inesistenza di una discendenza da ebrei e, quindi, per poter sfuggire dalla persecuzione messa in atto dai nazisti.
O Irmao Alemao segue l’ultimo libro di Chico, Leite Derramado del 2009, un testo che, tra i malcontenti e le critiche, vinse il Premio Jabuti.

Il libro è scaricabile, in lingua originale, su iTunes

Aggiornamento:

Secondo delle ricerche effettuate dal giornale A Folha, il fratello tedesco di Chico sarebbe Sergio Günther, nato nel 1930 da una relazione tra Sergio Buarque de Hollanda e Anne Margrit Ernst. Günther avrebbe avuto una vita non semplice: venne abbandonato dalla madre, dovette superare lo shock dell’adozione e, infine,fare i conti con la Seconda Guerra Mondiale.
Sergio, tuttavia, avendo ereditato i caratteri dal padre, non ebbe difficoltà nell’inserirsi nel mondo della televisione e della musica. Il fratello tedesco di Chico, infatti, aveva grande successo con le donne, sapeva cantare molto bene (era riuscito ad incidere due dischi) ed era un ottimo intrattenitore televisivo, così come dimostrato dalla trasmissione Berlin Original che conduceva.

Un disco con un’interpretazione di Günther:
 
 

Ecco il frammento letto da Chico e diffuso nel web (segue originale in portoghese e traduzione in italiano):

"Calma, Ciccio, disse minha mãe, quando já crescido lhe perguntei por que meu pai não escrevia um livro, uma vez que gostava tanto deles. Ele vai escrever o melhor libro del mondo, disse arregalando os olhos, ma prima tem que ler todos os outros. A biblioteca do meu pai contava então uns quinze mil livros. No fim superou os vinte mil, era a maior biblioteca particular de São Paulo, depois da de um bibliófilo rival que, dizia meu pai, não havia lido nem um terço do seu depósito. Calculando que ele tenha acumulado livros a partir dos dezoito anos, posso tirar que meu pai não leu menos que um por dia. Isso sem contar os jornais, as revistas e a farta correspondência habitual, com os últimos lançamentos que por cortesia as editoras lhe enviavam. A grande maioria destes ele descartava já ao olhar a capa, ou após uma rápida folheada. Livros que jogava no chão e mamãe recolhia de manhã para juntar no caixote de doações à igreja. E quando porventura ele se interessava por alguma novidade, sempre encontrava algum pormenor que o remetia a antigas leituras. Então chamava com seu vozeirão: Assunta! Assunta!, e lá ia minha mãe atrás de um Homero, um Virgílio, um Dante, que lhe trazia correndo antes que ele perdesse a pista. E a novidade ficava de lado, enquanto ele não relesse o livro antigo de cabo a rabo. Por isso não estranha que tantas vezes meu pai deixasse cair no peito um livro aberto e adormecesse com um cigarro entre os dedos ali mesmo na espreguiçadeira, onde sonharia com papiros, com os manuscritos iluminados, com a Biblioteca de Alexandria, para acordar angustiado com a quantidade de livros que jamais leria porque queimados, ou extraviados, ou escritos em línguas fora do seu alcance. Era tanta leitura para pôr em dia, que me parecia improvável ele vir a escrever o melhor libro del mondo. Por via das dúvidas, quando ao sair do quarto eu ouvia o toque-toque da máquina de escrever, tirava os sapatos e prendia a respiração para passar ao largo do seu escritório. E me encolhia todo se por azar naquele instante ele arrancasse num ímpeto o papel do rolo, achava que em parte era de mim a raiva com que ele esmagava, embolava a folha e a arremessava longe. Outras vezes a máquina cessava para meu pai pedir socorro: Assunta! Assunta!, era alguma citação que ele precisava transcrever urgentemente de um determinado livro. Com isso levava meses para redigir, rever, rasurar, arremessar bolotas, recomeçar, corrigir, passar a limpo e certamente contrafeito entregar para publicação o que seriam rascunhos do esqueleto do grande livro da sua vida. Eram artigos sobre estética, literatura, filosofia, história da civilização, que ocupariam uma coluna ou um rodapé de jornal. Quando papai morreu, apareceu um editor disposto a publicar uma coletânea dos artigos assinados por ele ao longo da vida. Fui contra, cheguei a mostrar à minha mãe a profusão de correções e emendas ilegíveis que meu pai sobrepusera ao texto ou anotara à margem dos próprios artigos, recortados dos jornais. Mas mamãe estava convencida de que o livro seria aclamado no meio acadêmico, quiçá editado até na Alemanha, graças aos escritos de juventude concebidos naquele país. E ainda insinuou que desde a infância eu procurava sabotar meu pai, haja vista aquele ensaio que por minha culpa desfalcaria suas obras completas. Meia verdade, porque era ao meu irmão que de tempos em tempos meu pai confiava um envelope a ser entregue na redação de A Gazeta, do outro uma quantia suficiente para uma semana de milk-shakes. Mas volta e meia meu irmão me repassava o dinheiro do bonde e o envelope, que eu levava a pé à redação. Não me movia o dinheiro poupado, que mal pagava duas mariolas, eu ficava era todo prosa com tamanha responsabilidade. Ainda ganhei a simpatia dos funcionários do jornal, e não me importava de passar por um suado estafeta do meu pai, em cujas mãos despejavam mais umas moedas. Mas certa vez, a caminho da redação, parei para jogar um futebol de rua, era comum naquele tempo. Carros circulavam só de quando em quando, e ao avistá-los ao longe os meninos gritavam: olha a morte! Logo recolhíamos as lancheiras, as pastas, os agasalhos que representavam as balizas e aguardávamos na calçada a passagem do carro para recomeçar a partida. Mas nesse dia não foi o trânsito, foi uma chuva súbita que nos obrigou a apanhar depressa nossas coisas e buscar abrigo sob a marquise de um empório. Chegou a cair granizo, que catávamos do chão, chupávamos, atirávamos uns nos outros, uma festa. Mas de repente calhou de eu me lembrar do envelope do meu pai, que eu deixara debaixo de um pulôver e agora estava ali no meio do aguaceiro. Corri para salvá-lo e por pouco não fui atropelado, pois naquele segundo passou um Chevrolet que agarrou o envelope com o pneu e só o soltou duas quadras adiante. Fui colher seus restos, e não havia remédio, o artigo do meu pai era uma estranha massa cinzenta, uma maçaroca de papel molhado".

 

“Calma, Ciccio, disse mia madre, quando, oramai cresciuto, le chiesi perchè mio padre non aveva mai scritto un libro, visto che gli piacevano tanto. Lui scriverà il miglior libro del mondo, disse spalancando stupita gli occhi, ma prima deve leggere tutti gli altri. La biblioteca di mio padre contava, allora, circa quindici mila libri. Alla fine superò i venti mila, era la maggiore biblioteca privata di San Paolo, dopo quella di un bibliofilo rivale che, diceva mio padre, non aveva letto nemmeno un terzo del proprio archivio. Calcolando che lui accumulò libri sin dai 18 anni, posso concludere che mio padre ne lesse meno di uno al giorno. Questo senza contare i giornali, le riviste e la copiosa corrispondenza abituale, con gli ultimi lanci che, per cortesia, le case editrici gli spedivano. La maggior parte di questi libri, lui la scartava solo guardando la copertina, o dopo una rapida sfogliata. Libri che buttava a terra e mamma raccoglieva di mattina per aggiungerli alla cassetta delle donazioni alla chiesa. E quando, per ipotesi, si interessava a qualche novità, trovava sempre qualche dettaglio che lo riportava ad antiche letture. Allora chiamava con il suo vocione: Assunta! Assunta!, e andava là mia madre dietro un Omero, un Virgilio, un Dante che gli portava correndo prima che perdesse il segno. E la novità era messa da parte, fin quando lui non finisse di leggere il libro antico dalla testa alla coda. Per questo, non stupiva che, tante volte, mio padre si lasciasse cadere sul petto un testo aperto e si addormentasse con una sigaretta tra le dita, proprio lì, sul lettino, dove sognava con i papiri, i manoscritti illuminati, con la Biblioteca di Alessandria, per svegliarsi triste per la quantità di libri che mai avrebbe potuto leggere perché bruciati, o perduti, o scritti in lingua al di fuori dalla sua portata. Era tanta la lettura che programmava per il giorno, che mi pareva improbabile che riuscisse a scrivere il miglior libro del mondo. Per via dei dubbi, quando uscendo dalla stanza ascoltavo il tic-tac della macchina da scrivere, toglievo le scarpe e trattenevo il respiro per passare lontano dal suo studio. E mi intimorivo tutto se, per sfortuna, in quell’istante, lui strappasse  d’impeto il foglio dal tamburo, credevo che, in parte, fosse per causa mia la rabbia con la quale lui stringeva, appallottolava la carta e la lanciava lontana. Altre volte la macchina si fermava affinché mio padre chiedesse aiuto: Assunta! Assunta!, era qualche citazione di un determinato libro che aveva bisogno di scrivere urgentemente. Per questo erano necessari mesi per redigere, rivedere, correggere, lanciare pallottole, ricominciare, correggere, pulire e, certamente, controvoglia consegnare per la pubblicazione quelli che sarebbero brutte copie dello scheletro del grande libro della sua vita. Erano articoli sull’estetica, sulla letteratura, sulla filosofia, sulla storia della civiltà che avrebbero occupato una colonna o le note di un giornale. Quando papà morì, apparve un editore disposto a pubblicare una raccolta di articoli firmati da lui lungo la sua vita. Fui contro, arrivai a mostrare a mia madre la copiosità di correzioni e modifiche illeggibili che mio padre sovrapponeva al testo o annotava ai margini dei propri articoli ritagliati dai giornali. Ma mamma era convinta che il testo sarebbe stato acclamato nell’ambiente accademico, chissà edito addirittura in Germania, grazie agli scritti giovanili concepiti in quel paese. E ancora insinuò che sin dall’infanzia io cercavo di sabotare mio padre, come quel saggio che per colpa mia avrebbe defalcato dalle sue opere complete. Mezza verità, perchè era a mio fratello che, da tempo, mio padre affidava (da un lato) una busta da consegnare alla redazione de A Gazeta, dall’altro una quantità sufficiente per una settimana di milk-shake. Ma frequentemente mio fratello mi dava i soldi per il tram e l’incarto che portavo a piedi alla redazione. Non mi spingeva a farlo il denaro accumulato, che a mala pena pagava due mariolas1, mi convinceva l’orgoglio per la grande responsabilità. Guadagnai, ancora, la simpatia degli impiegati del giornale e non m’importava passare per una sudato portalettere di mio padre, nella cui mano buttavano qualche moneta. A volte, tuttavia, lungo il tragitto verso la redazione, mi fermavo per giocare a pallone, era comune in quel periodo. Le auto circolavano raramente e quando i ragazzini le vedevano da lontano, gridavano: attenti alla morte! Subito raccoglievamo i cestini delle merende, le cartelle, i giubbini che che servivano per formare le porte e li lasciavamo sul marciapiede durante il passaggio dell’auto per ricominciare la partita. Ma quel giorno non fu il transito, fu una pioggia improvvisa che ci obbligò a prendere velocemente le nostre cose e a cercare rifugio sotto il cornicione di un emporio. Arrivò la grandine che raccoglievamo da terra, succhiavamo, lanciavamo tra di noi, una festa. Ma all’improvviso per caso mi ricordai della busta di mio padre, che lasciai sotto un pullover e che era lì nel bel mezzo dell’acquazzone. Corsi per salvarlo e per poco non fui investito, perchè, in quell’istante, passò una Chevrolet che prese la busta con la ruota e solo la lasciò cadere due angoli più avanti. Raccolsi i suoi resti e non c’era rimedio, l’articolo di mio padre era una strana pasta grigia, una matassa di carta bagnata”.

1 – la mariola sono dei dolcetti al sapore di banana o goiaba

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